Em seu novo e delicioso romance, Manual da paixão solitária, o escritor gaúcho Moacyr Scliar trabalha novamente em história bíblica – como fez em A mulher que escreveu a Bíblia – só que num episódio do Gênesis. Trata-se de Judá (irmão de José do Egito) e seus filhos Er, Onan e Shelá. Os dois primeiros se casam, sucessivamente, com Tamar, sem no entanto lhe deixar filhos. O primeiro, por não ter relações com ela. O segundo, por derramar sobre a terra seu sêmen (dando origem ao termo onanismo, como o conhecemos). Tamar, então, obtido de Judá a recusa em dá-la em casamento ao caçula, usa de um subterfúgio para engravidar do próprio sogro. O livro de Scliar narra os fatos por dois pontos de vista, o de Shelá e o de Tamar, num jogo de sedução entre os narradores que assumem cada papel, respectivamente um professor e sua ex-aluna, que participam de um congresso sobre temas bíblicos.
Engenhoso, divertido, mais do que masturbação, o romance de Scliar põe ainda em questão a criação literária e artística como válvula de escape que as pessoas usam na impossibilidade de comunicação e realização no campo amoroso.

Beijocas!

Posts recomendadosVer Todos