Fui ver Histórias cruzadas, no qual a atriz Octavia Spencer (E) que ganhou o Oscar de coadjuvante, me emocionei e me envolvi com a trama, as interpretações e toda a qualidade técnica e de conteúdo do filme. Mas o que mais me chamou a atenção foi um ponto cego que persiste como tabu, principalmente na sociedade brasileira: a questão das empregadas domésticas.
Percebo que há a questão racial e a social envolvidas, mas que, em qualquer circunstância, sobrevive um ranço escravista nessas relações, que não evoluem para a profissionalização. No Brasil, ainda hoje, mesmo entre pessoas de esquerda, os papéis relativos ao trabalho doméstico são confusos, nebulosos, com desrespeito e preconceito generalizado.
Intimidade misturada, afeto misturado, jornadas misturadas, mulheres tratadas como trabalhadoras diferenciadas, para pior. Fatores contemporâneos aparecem como denúncia de uma situação histórica vivida pelos Estados Unidos num passado não muito distante. Histórias de coragem e covardia. Em mim, dói como ferida do presente.
Um belo filme. Belo e importante.
Beijos!
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