As semifinais foram coalhadas de emoções, com os duelos entre Croácia e Argentina e entre Marrocos e França. Era possível, por isso torci, que não houvesse um europeu na final. Mas era sabido também que a tarefa dos marroquinos, de eliminar os atuais campeões, seria hercúlea, por isso não seria nenhum vexame ficarem pra decisão do terceiro lugar. Primeira africana numa semifinal ainda não será a primeira numa final.
Na partida de ontem, só deu Messi e seu talento, Messi e seu lugar privilegiado na história do futebol. Amo Messi como amava Maradona, sem achar que nenhum dos dois foi ou jamais seria maior do que Pelé, e estou de paixão recente por Mbappé. Por isso não quis escrever nada ontem. Queria colocar numa balança a Argentina de Messi versus a França de Mbappé, tendo os dois ídolos como os principais pesos de cada prato.
Conclusao, findos os dois jogos: Mbappé tem ainda muito tempo pra alcançar a estatura de Messi. Jogou bem, teceu a bela jogada do segundo gol, mas o que o argentino fez ontem não se faz todo dia. Não é pra quem quer, mas pra quem pode. Só faltou fazer chover.
E se lá nas areias desérticas do Catar não chove nunca, aqui no Espírito Santo não para de cair água que Deus manda. E dá-lhe alagamentos, inundações, vento que balança as praias dos coqueiros. Nossos craques já foram embora e perderam o melhor da festa. Nada mais a declarar sobre o futuro do Brasil, que “adeus pertence”. Ou seja, é cedo pra arriscar palpite sobre as novas tendências. O português Abel, melhor treinador em atividade no Brasil? Um brasileiro nato ou naturalizado? Um bam-bam-bam do mercado europeu? Contanto que o Tite não queria pagar a dívida que sente em relação ao Galo, qualquer coisa eu aceito.
Pra final, domingo, cedo se decretou que a Argentina não figurava mais entre os favoritos. Eu fui uma, após a derrota na estreia. Os críticos agora rebaixam o favoritismo da França por causa das atuações nas quartas e na semfinal. Acho cedo pra uma coisa e outra. Sim, são escolas tão diferentes! Messi e Mbappé, coleguinhas de Paris Saint-Germain, porém, têm tanto em comum! O primeiro já mora no Olimpo. Tem cadeira cativa, perto de Maradona, Pelé, Garrincha, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Reinaldo e outros poucos. Mbappé, na qualidade de semideus, caminha pra lá. Domingo teremos o tira-teima. Como disse alguns anos atrás, aqui mesmo no projeto Crônicas da Copa, entre les deux mon coeur balance. Naquela época, falava do duelo entre Argentina e Nigéria. Agora, as palpitações se dividem entre o esquisito supercraque de 35 anos e o futuro melhor do mundo de 23. O vitorioso conheceremos domingo.
Mas na disputa do terceiro lugar, sábado, sou marroquina desde criancinha.

Texto publicado originalmente no projeto Crônicas da Copa – www.cronicasdacopa.com.br

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