Só agora percebi que deixei passar sem comentário um filme que vi na semana passada, Caché, produção francesa dirigida pelo austríaco Michael Haneke (o mesmo de A professora de piano, filmaço, lembram?). Nesta história, Daniel Auteil e Juliette Binoche (meio amatronada, diferente daquela menina musa) vivem um casal que de repente começa a ser atormentado pelo envio anônimo de fitas de vídeo com imagens estáticas da porta de sua casa. Aos poucos aquilo passa a assustá-los de verdade e ele, um intelectual que mantém um programa de debates na TV, vai ao encontro de seu passado, quando fez muito mal a um menino argelino que vivia com sua família. A questão étnica emerge, como está eclodindo na Europa e em especial na França, com sentimentos fortes de rejeição, preconceito, medo, ressentimento. A trama, em si, deixa para o espectador muitos mistérios, porque o filme se fecha sem dar solução à pergunta que todos se colocam desde o início. No entanto, com o trabalho de vazios e silêncios, com o jogo do que não se diz e não se mostra, com o sentimento crescente de que nada vai bem, as respostas, ao final, são o que menos importa.
Beijão e inté!

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