Minha recompensa pela colaboração na campanha de apoio à editora Quintal, destruída por um alagamento no início do ano, foi o livro “Digo te amo pra todos que me fodem bem”, de Seane Melo. Boa surpresa, já que não conhecia a autora, jornalista e escritora maranhense, que aqui propõe um romance sobre sexo, mas não necessariamente erótico.
Conta a história de Vanessa, mulher inteligente e bacana que, no entanto, não consegue uma relação estável. Vanessa gosta de sexo, procura sexo, encanta-se com os caras interessantes que passam por ela, mas não ultrapassa a fase dos encontros casuais, sem maiores laços. E embora afirme e reafirme que o bom é uma boa transa, o que ela quer, mesmo, é amor. E disso os homens com quem se relaciona não são capazes. Isso a frustra o tempo inteiro.
O interessante pra uma mulher como eu, de 60 anos, que passou por trajetória semelhante na juventude, de se sentir temida e rechaçada pelos paqueras eventuais, é perceber que, trinta anos depois, continua tudo do mesmo tamanho. As abordagens mudaram. As mulheres vão à caça sem pudor. As redes sociais propiciam outros palcos de conquista. A liberação chegou a ponto de as pessoas enviarem as fotos mais íntimas pra gente que nem conhecem.
Mas os desejos, ah, os desejos… O que quer uma mulher? – perguntam-se todos há milênios. Alguém que a “foda bem”, como proclama Vanessa? Ou alguém que supere a barreira do terceiro encontro e queira dormir de conchinha, ver TV, comer pipoca, passar o fim de semana? Alguém que a respeite ou alguém que dispense o respeito e a inclua em sua louca vida? Perguntas e respostas que se eternizam na procura de todos, afinal, por amor.
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