Mais uma leitura dentro do nosso clube, que se atém a autores de e sobre Brasília. Desta vez, uma decepção. “O Lobo do Planalto”, de Paulo Dantas, foi avaliado negativamente pelos leitores do grupo, por uma série de problemas. A falta de uma estrutura de romance e de enredo interessante, mesmo tendo diante de si um tema interessante, que são os primeiros tempos de Brasília, da construção da cidade ao início dos anos 1970.
O narrador protagonista viveu tudo isso e não tira nada em termos de emoção. Fica em descrições de tons em momentos até poéticos, mas repetitivas, rasas. Os personagens poderiam render construções de interesse, mas são citados anedoticamente, sem qualquer profundidade. O contexto de início de ditadura também passa en passant, sem que se saiba em que circunstâncias o narrador foi jornalista, preso e solto, para virar dono de bar.
Mas o pior mesmo são as tiradas machistas e racistas, talvez aceitáveis na época, mas de notório mau gosto. Mulheres tratadas ora como prostitutas, ora como incapazes, objetos sexuais sem conteúdo. Referências à beleza vinculada à brancura da pele e à sensualidade das morenas e mulatas… Um festival de impropriedades e de preconceitos, embalados em edição repleta de erros ortográficos crassos…
Enfim, pouco do que se esperava de um romance que pretendia ser o primeiro a ter na nossa cidade seu personagem e tema épico. Pouca informação, pouca reflexão. Lamentável.
Beijos!
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