Na abertura da mostra de cinema sobre os 50 anos de Brasília, no CCBB, Subterrâneos, de José Eduardo Belmonte, foi visto por bom número de pessoas – e seguido de debate. O filme de estreia do premiado diretor brasiliense é irregular, como costumam ser produções de iniciantes, mas já revela o vigor das que viriam. O mais interessante é que o protagonista não é nenhum dos personagens interpretados pelos atores – bem-sucedidos, por sinal (na foto, Cibele Amaral e Murilo Grossi, mas há também Chico Sant’Anna, Nicola Siri e outros bons desempenhos), mas sim o Conic, onde se desenvolve o enredo.
O estigmatizdo prédio do Setor de Diversões Sul, com sua mística e mítica de abrigar dos punks aos crentes, dos sindicalistas às strippers, tem sido alvo de reflexões e movimentos em sua defesa. O melhor deles, pra mim, é o filme de Belmonte, que apaixona pelo olhar ao mesmo tempo de estranhamento e intimidade que gera com o espaço.
No que tem de mais documental, Subterrâneos é sensacional. No que tem de mais ficcional, que são os loucos que frequentam a área ou que enlouquecem em suas entranhas, há verborragia e afetação em demasia. Algumas cenas, no entanto, retratam com primor a ambiência do Conic: a discussão na barbearia, os embates entre personagens interpretados e personagens “reais”, num tipo de encenação que parece teatro invisível.
Curiosidade: como a produção é de 2003, já há passado nas imagens, nas quais se destaca a ausência do Museu da República e da Biblioteca Nacional ao fundo.
A mostra prossegue com programação interessante e variada. Confira a agenda completa no http://www.correiobraziliense.com.br/divirtase/.
Beijos!
Vê se agora funciona…
Bjim,
kk