Em que pesem todas as críticas que se possa fazer às posições políticas de Mário Vargas Llosa – e eu faço todas, porque não concordo com uma linha do que ele diz desde que se candidatou à presidência da república, no Peru -, sempre fui uma grande fã de sua literatura. E tiro meu chapéu pra Nobel que ele ganhou hoje. Merecido. Trata-se de um grande escritor, autor de uma obra sólida, consistente, deliciosa.
Meu primeiro Vargas Llosa, A casa verde, me foi dado de presente de aniversário por meu padrinho João Batista de Assis Corrêa, tio, amigo, um jornalista referencial na minha história de vida e de profissão (dia 4 teria sido seu aniversário, mas ele já nos deixou, lamentavelmente). A casa verde me abriu o universo do escritor peruano, com sua multiplicidade de personagens e situações tão incomuns e tão populares. Ambientado na Amazônia peruana e em outros recantos esquecidos do país, mescla tempos e narrativas de maneira moderna e envolvente.
Quando li o romance, me apaixonei de tal forma que saí conferindo tudo dele: Pantaleão e as visitadoras, Conversa na catedral (um clássico!), A cidade e os cachorros (outro clássico), O elogio da madrasta, Tia Júlia e o escrevinhador, A festa do bode, e vai por aí afora, um mundo de narrativas ora barra-pesada, ora engraçadíssimas, ora políticas, ora extremamente doces.
A guinada liberal e pró-capitalista do cidadão Vargas Llosa tirou dele parte da simpatia e do charme, mas não as qualidades de grande escritor. Travessuras da menina má, o mais recente de seus romances que li, segue instigando, por dar conta de um mergulho implacável na alma humana.
Da minha parte, acho mais que justo o Nobel a Vargas Llosa. Como fã, me sinto contemplada.

Beijos!

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