Confesso que não leio muita literatura para público jovens, então nem sei avaliar direito esse mercado. Mas um bom livro é um bom livro, seja para qual público for, e “O irmão que veio de longe”, de Moacyr Scliar, tem todas as características para emocionar o leitor.
Primeiro, é muito bem escrito, o que não é novidade nenhuma em se tratando de Moacyr Scliar. O querido escritor gaúcho, morto há poucos anos, sempre foi um exímio contador de histórias, dono de uma prosa fluente e redonda.
Neste conto juvenil, ele fala com primor sobre diferença, amizade, solidariedade. Uma família sulista, após perder o pai, importante indigenista com trabalho na Amazônia, descobre que ele tinha por lá um filho índio. O menino vai para a casa dos novos irmãos e ali começa, para todos os envolvidos, o aprendizado do convívio, com suas dores e delícias.
Estranhamento, admiração, bullying, respeito cultural, tudo isso entra no caldeirão das novas relações que se estabelecem e que Scliar disseca sem teorizar, sem fazer sociologia, apenas boa literatura. Uma lição de simplicidade e sensibilidade para leitores e escritores.
Beijocas!
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