São três amigas, três militantes do Mulherio das Letras, três escritoras atuantes na cena cultural brasiliense e que lançaram livros recentemente, para alegria de leitores e amigos.
Claudine Duarte e Ana Maria Lopes integram o coletivo Maria Cobogó, selo por meio do qual sete artistas se uniram para se apoiar mutuamente, num consórcio que viabiliza a publicação e une forças na divulgação de belos trabalhos.
O livro de Claudine, “Desencontos”, propõe a história curta, o conto curtíssimo, mas flerta o tempo todo com a prosa poética, pois são gêneros fronteiriços. Nessas pequenas narrativas, é grande a força da autora, que vem do teatro e só agora estreia na literatura não cênica. Sua origem não se nega, no entanto. Personagens delineados. Poucos diálogos, mas muitos jogos de cena e contracena dão a deixa de que, a partir do conflito, faz-se o drama. Com ritmo, com acurado trabalho na palavra, na frase, na narrativa. A leitura dos “desencontos” de Claudine intriga e emociona.
Já as outras duas trazem volumes de poesia estrito senso. Ana Maria Lopes lança “Mar remoto”, que desde o trocadilho do título sinaliza a paixão dessa carioca radicada no cerrado. A saudade da água e do litoral permeia boa parte de sua poética, assim como temas como a política, a mulher e o amor, em forma de versos fortes, de construção trabalhada com ritmo e cor, como o que encerra o poema “Se”: “Não sei o que aconteceria/ ao murmúrio do mundo/ nem ao grito da alma/ e à alteração da voz// Apenas eu ficaria/ entre o pó e o caos/ no frio da falta/ ou como um rio/ que houvesse perdido/ a foz.”
Já a poeta Kori Bolívia é uma brasiliense boliviana que afirma a dupla nacionalidade de sua alma em livros bilíngues de ambas as origens: há versos escritos em espanhol e vertidos para o português e aqueles nascidos na nossa língua e traduzidos para o idioma natal da escritora, que também é tradutora e mestra em todas essas artes. Kori traz “Palavras livres”, sequência de poemas curtos que envolvem e emocionam pela observação filosófica da natureza e da natureza humana. Sentimentos como o amor, a solidão e a vacuidade da vida encontram em pequenos “suspiros” descrições certeiras e surpreendentes, capazes de nos fazer ler e reler os versos para curtir as belas e impactantes imagens de sua criação.
Viva a poesia, viva a literatura de Brasília e de suas mulheres maravilhosas!
Muito bom Clara divulgar o trabalho dessas mulheres incríveis!