Tenho lido críticas negativas ao filme “A busca”, de Luciano Moura, em que Wagner Moura interpreta um pai que sai pela estrada à procura do filho que fugiu de casa. Não concordo com quem diz que o filme não realiza o que propõe. Principalmente porque a proposta me parece simples: contar uma história. Uma história de pais e filhos.
Acho que tanto o diretor quanto a roteirista Elena Soárez foram felizes em focar o drama tendo o pai como fio condutor do road movie, e sua procura por si e pelo outro como construtor das metáforas que o caminho apresenta.
Os médicos Teo (Wagner Moura) e Branca (Mariana Lima) estão se separando de forma dolorosa. O filho se ressente da distância do pai. Procura um atalho e, por intermédio do avô, manda o recado que Teo não tem condição ainda de ler. A cadeira. No aniversário de 15 anos, foge de casa. Monta um cavalo negro e some no mundo.
Aí começa a busca de Teo, que atravessa rios e montanhas, entra na favela, na plantação, na cidade pequena, na rave, que experimenta renascer, desesperar-se e se encher de esperança, conhecer gente, ouvir, abrir os sentidos e se permeabilizar ao mundo, para dar nova luz ao filho.
Claro que voltar ao pai é o caminho para chegar ao filho, pois a incapacidade de se relacionar com um impedia com o outro. O espectador sabe disso desde o início, mas o personagem precisará da travessia para alcançar de novo o ponto de partida. O filme é delicado e sensível, permitindo que a emoção conquiste o espectador sem apelação barata. Basta o olhar de Wagner Moura, esse ator diferenciado, superior.
Um belo filme sobre pais e filhos, que merece ser visto e ouvido – afinal, o papel do garoto é feito pelo filho de Arnaldo Antunes, Brás Moreau Antunes, e pai e filho contracenam numa bela canção incluída na trilha sonora.
Beijocas!
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