Estou devendo um comentário sobre o livro Minha fuga sem fim (Martins Fontes, 2007), de Cesare Battisti, o ativista italiano que ficou famoso quando, preso no Brasil, teve sua extradição negada pelo governo brasileiro e, após anos de luta, conseguiu ser libertado. Estive com Battisti no restaurante Carpe Diem, quando fui lá para marcar o lançamento do meu Rádio Beatles e ele estava autografando três de seus títulos. Comprei este, no qual ele conta como se envolveu com a luta armada na Itália, nos anos 1970, e, depois de preso e de fugir para a França, se estabeleceu em Paris, tornando-se escritor e pai de família. Mudanças na política interna e externa dos dois países levaram-no a nova situação de fuga, já que era condenado à revelia em seu país de nascimento e o governo francês reviu a decisão de não extraditar os adversários políticos do governo italiano. Faltava esclarecer à justiça e à opinião pública internacional: as denúncias de que havia participado da morte de policiais haviam partido de um ex-companheiro de organização, por delação premiada. Quando mais entregasse, mais vantagens obtinha o delator. Battisti nega as acusações. Admite a participação no grupo e em ações menos graves, como roubos, mas afirma nunca ter usado armas ou determinado o assassinato de ninguém. Sua luta política e pessoal compõe um relato envolvente, de um escritor maduro, que não por acaso adotou esta arma – a pena – para viver sua vida. Abraços!