Foto: Divulgação

Ninguém teria tanto quanto eu motivos para desancar um filme de Arnaldo Jabor, já que, do ponto de vista político, e como comentarista, o reputo dispensável. Já enquanto artista, tenho que dar a mão à palmatória. O cara, quando não está falando bobagens na Rede Globo, é um senhor cineasta. E seu novo filme, tantos anos depois, comprova isso. A suprema felicidade é um poema em forma de cinema.

Ambientado no Rio de Janeiro em meados do século XX, o filme alterna momentos da infância e adolescência de um menino, Paulinho, em especial a relação com o avô. Marco Nanini, como o avô boêmio, esbanja uma interpretação sublime. O papel, o texto e a direção ajudam.

Paulinho vive numa família em crise, no fim da Segunda Guerra Mundial, nos dourados anos 1950 e no início da modernização do País. A educação religiosa, com sua repressão e seus tabus, o fracasso dos pais, a descoberta da sexualidade… tudo o filme de Jabor aborda com magia, sem buscar o realismo, antes optando pela fantasia. Nisso a música funciona como senha para um mundo hollywoodiano no melhor sentido, algo que namora com Woody Allen e Fellini, guardadas as devidas proporções.

O filme é lindo. A música, o enfoque, o Nanini. Tudo vale cada minuto de sonho.

E beijocos!

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