Sou assinante do Ultrajano, plataforma independente de jornalistas que tratam de esportes, mas também de política e direitos humanos. Ou seja, gente de esquerda, como eu, que defende o bom jornalismo e gosta de futebol. Quem comanda tudo é o José Trajano, que foi durante anos da ESPN. Um de seus parceiros é o meu primo Cláudio Arreguy, uma das melhores cabeças nessa área (e em todas as outras, claro!).
Como brinde pela colaboração financeira com o projeto (contribuam, amigos, eles precisam se viabilizar!), ganhei o livro “Tijucamérica”, do próprio Trajano, um romance amalucado, do outro mundo, ou “chanchada fantasmagórica”. Nele o autor aproveita sua dupla paixão pelo bairro carioca onde cresceu e pelo clube que ama para prestar uma homenagem ao futebol, que se tornou também seu ganha-pão como jornalista.
Desanimado com o triste destino do América do Rio, que não ganha mais nada nem sequer disputa torneios importantes, o narrador convoca todas as forças do além, pais de santo, milagreiros e videntes, para ressuscitar os maiores craques do passado, além de técnicos e dirigentes, na empresa de reviver os áureos tempos e enfrentar de igual para igual os rivais do Campeonato Carioca. Assim, aos trancos e barrancos, eles montam uma esquadra vencedora como as que fizeram a história de glórias do clube rubro.
Nessa viagem no tempo e na imaginação, Trajano celebra um dos bairros mais diferentes do Rio, entre a zona norte e a zona sul, de onde saíram feras do esporte, da música (vide Tim Maia, Erasmo Carlos e tantos outros), além de torcedores ilustres do América, de Villa-Lobos a Lamartine Babo, de vedetes do teatro rebolado a poetas e escritores.
Ao lado da história de personagens do lugar e do clube, vêm lances espetaculares de jogos imaginários em que o Ameriquinha bate um a um os adversários, ao grito de guerra “sangueeeeee”, enquanto enfrenta a ira dos que criticam o time de mortos-vivos. Um deles, um tal de Miranda, vascaíno, sempre a trapacear… O romance é uma delícia, principalmente pra quem ama o esporte e vê nele a cultura de um povo, um jeito de ser e de estar no mundo.
Beijos!
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