Vanessa da Mata é uma cantora maravilhosa, compositora sensível e uma artista linda. Ao saber que havia lançado um romance, “A Filha das Flores” (Companhia das Letras), tratei de conferi-lo, para encontrar coisas lindas e certa imaturidade como autora.
Com criatividade e coragem para trabalhar numa linguagem poética inventiva, numa frequência que procura Manoel de Barros e Guimarães Rosa, a cantora resvala não apenas numa escritura ainda verde, como em problemas de revisão que permitem erros grosseiros, inadmissíveis. A “calda” do vestido de noiva e os lavradores a “carpir” a plantação são apenas dois exemplos. Tem mais.
Por ser uma obra de vulto, pretensiosa em seus anseios, os problemas que ela revela se amplificam. A história gira em torno de uma menina criada pelas tias numa cidade em que a repressão e as aparências escondem um passado tenebroso. Num distrito ao lado, associado à prostituição, reside boa parte das respostas aos mistérios.
O problema é que Vanessa leva boa parte das 280 páginas do livro sem fazer as perguntas que o leitor já está fazendo desde o início. Afinal, o que aconteceu no passado? Por que as pessoas morreram daquele jeito? Quem são os pais da menina? E por aí afora.
A construção deixa a desejar e as respostas, quando vêm, não são satisfatórias, faltando em alguns momentos lógica interna ao enredo como um todo. Uma pena. Receei ficar pelo caminho, mas consegui ler até o fim e aposto que, se lançar um segundo trabalho, e tiver uma edição melhor, Vanessa vai amadurecer como escritora à altura da artista musical que é.
Beijinhos!
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