Com uma década de atraso, somente agora li o Quase memória, de Carlos Heitor Cony (Alfaguara/Objetiva). Belíssima homenagem do jornalista e escritor ao seu pai, de quem herdou a profissão e pouco mais que isso. Na narrativa, as lembranças vêm ao filho como uma torrente quando ele recebe um embrulho que tem tudo para ter sido feito pelo pai – com um detalhe: o pai morrera dez anos antes.
Em meio às memórias da infância e juventude, o escritor faz um mergulho na personalidade singular de um homem ao mesmo tempo simples e grandioso, que marcou, como um herói, a formação do filho apaixonado. E tudo isso rodeado por casos engraçados, tocantes, que remetem ao Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX.
Emoção, risos e lágrimas acompanham a leitura desse clássico de Cony, um dos escritores mais profícuos e mais interessantes da produção brasileira nesses tempos. A facilidade com que ele escreve, que parece herdada da escrita diária de jornal, despista a profundidade de seus romances, que sempre têm mais a oferecer que o jogo de belas palavras. Como em Quase memória, uma pequena obra-prima.
Beijos!
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