Quebrei a cabeça aqui uns 15 minutos até conseguir fazer um palíndromo: uma palavra ou frase que pode ser lida de frente pra trás ou de trás pra frente. É esse que dá título ao post. Pois tem gente que faz isso com o pé nas costas. Caso de Ricardo Cambraia, que mantém no Twitter e no Instagram perfil como O Palindromista. Ricardo é mineiro e radicado em Brasília, onde se aposentou no TCU. E um artista quase único no cenário literário nacional. Não apenas pela habilidade em criar palíndromos como pela agilidade com que o faz, sempre com sentido, conteúdo e inserção na conjuntura.
Isso porque, ao usar as redes sociais para divulgar sua criação, ele também intervém politicamente, comentando, criticando, pondo o dedo na ferida dos absurdos que varrem o noticiário, como se vivêssemos num vertiginoso pesadelo. Ricardo é um misto de poeta e cronista, tudo na frase curta, no insight de gênio, no tiro certeiro.
Para coroar esse trabalho admirável, O Palindromista agora sai em livro, pela editora Avá, de Brasília, independente e artesanal. Trata-se de uma edição especial. Projeto gráfico e ilustrações de outro grande artista mineiro, Rômulo Garcias, o livro O Palindromista reúne vasta produção criada por Ricardo Cambraia sobre diversos temas, como amor, comida, política, pandemia, filosofia etc. Tem frases geniais, outras engraçadíssimas, líricas, poemas perfeitos, achados. Uma leitura leve e instigante, que dá na gente vontade de rir, de recitar, de ler pros outros, de se desafiar.
Exemplos:
Ódio? Dai-me DNA para genocida sádico negar a pandemia, doido!
Agir! Rabada gorda na droga da barriga.
O café ralo, tola, refaço.
É muita coisa! Mas fazer palíndromo não é pra quem quer. É pra quem tem o dom. O dom, o modo (fiz outro!). Junto a “O medo, o demo”, já é meu segundo palíndromo. Obrigada, Ricardo Cambraia, por jogar luz na escuridão com sua arte única. Vida longa ao livro O Palindromista!
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