O livro Menino Pelado, de José Maria Braga (Editora Bom Sucesso) é uma grata surpresa no reencontro com esse amigo que foi colega no tempo de estudantes, depois como jornalista e homem de teatro. Agora, mais uma vez, partilhamos o ofício de escritores, e Zé Maria apresenta um livro inspirado nas suas memórias de infância, algo que também gosto muito de fazer.
A cena se passa nos anos 60, numa beira de estrada, quando do asfaltamento da Rio-Bahia. Trata-se de uma estrada mítica na história de Minas, sobretudo, por cortar o estado em sua maior parte e ter modificado a vida de centenas de cidades, tanto durante sua construção quanto nas reformas que advieram com o tempo.
Zé, ou melhor, o narrador, cresceu menino solto num acampamento de obra no interior baiano. No livro, nos traz a época, os tipos, as aventuras, num tempo em que ainda não havia televisão ou tecnologias que distraíssem as crianças da liberdade da rua, do mato, do rio, da natureza. Ali os amigos punham apelido uns nos outros, havia uma ou outra menina que jogava bola e participava de atividades “masculinas”, o afeto se aprendia e multiplicava, a violência também.
Essas vivências dão cor e sabor ao livro de Zé Maria Braga, num desfilar de histórias de leitura agradável e tocante. Um belo livro, uma bela composição de um tempo e um lugar.
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