Excelente livro, entre os que li recentemente, é A Queda – Rua Atacarambu, 120, de Antônio Nahas Júnior (Scriptum). O economista formado na Face/UFMG fez dois anos de pesquisas, entre leituras e entrevistas, para recontar a história da luta armada no período da ditadura militar, a partir da trajetória do grupo Colina (Comandos de Libertação Nacional).

Formado basicamente por jovens militantes mineiros, estudantes idealistas que não viam perspectiva de resistência ao golpe de 1964, e ao golpe dentro do golpe, em 1968, senão partir para ações violentas contra o regime, o Colina teve sua principal base em Minas. Por isso, além de contar um importante capítulo da história da resistência política no país, o livro tem ainda o sabor de ambientá-lo na cidade da minha infância, na nossa Belo Horizonte dos anos 60.

Muita gente hoje conhecida na cidade e no país, como a própria presidenta Dilma Rousseff, o governador Fernando Pimentel, e personagens como Jorge Nahas e Inês Etienne Romeu, fazem parte dessa história. Outros ficaram na memória de quem conhece os caminhos da esquerda no estado, como foi o caso da família Pezzutti (Carmela e seus filhos Ângelo e Murilo) ou de Herbert Daniel.

O livro resgata a participação desses guerreiros, o calvário de alguns, entre a prisão, a tortura, o exílio, o desespero. Alguns sobreviveram e alcançaram a anistia, mas nem todos tiveram a vida resgatada. Enfim, essa é a história de quem lutou, dando a vida pelo país e pela construção de uma nova realidade.

O livro de Toninho Nahas é bom e importante, porque, neste momento de ameaça à democracia no Brasil, mais que nunca é preciso resgatar a memória e honrar quem não foge à luta.

1 thoughts on “Memória da luta armada

  1. Unknown says:

    Adorei seu blog, Clara. Vou compartilhá-lo com amigos aqui de Paraty que são viciados em literatura. Parabéns. Sou muito amiga do Jorge Nahas e quero ler o livro do irmão dele. Sei da história contada pelo próprio Jorge. Mas deve ter muito mais. Beijos

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