É um encanto o livro Cigarras, Lagartas e Outras Marias, de Solange Cianni (Maria Cobogó), que reúne 16 contos protagonizados por mulheres no limite entre o que avisa o subtítulo: eróticos e românticos. São histórias escritas com delicadeza, linguagem limpa, sem excessos de adjetivação, mas com as sutilezas que o tema requer. E que trazem várias facetas de mulheres, das mais fortes às mais vulneráveis.
Solange é mais conhecida por sua obra para crianças. São quatro livros voltados para esse público. Atua na área escolar, como pedagoga e psicopedagoga, e vem também do teatro, no qual trabalhou como atriz. Aqui, em Cigarras, Lagartas e Outras Marias, não se preocupou em disfarçar questões que poderiam, em tese embaraçá-la junto a seu público original. Afinal, professoras, mães e avós também têm desejos e vida sexual.
As personagens dos contos de Solange são gente como a gente. Como Maria das Dores e dos Amores, que ao tomar um pilequinho sozinha em seu quarto consegue se ver, não gorda e cheia de rugas, mas linda e gostosa, amável e desejável, ainda que o frio da cama lhe desperte saudades de um possível companheiro, o mesmo que, durante o sonho, lhe provocará orgasmos múltiplos.
Em histórias como essas, Solange tira do armário os desejos e angústias da mulher comum, mostrando que cada lagarta viverá seu período de casulo até que se torne borboleta numa próxima primavera.
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