Outros dois livros que li durante as férias e ainda não tinha comentado:

– o mais lindo de todos, a novela “No teu deserto”, do português Miguel de Sousa Tavares. O “quase romance” do autor de “Rio das Flores” e “Equador” narra o encontro real entre ele, narrador, e uma moça com quem fez uma inesquecível travessia do deserto do Saara. Ele atuava como jornalista e fazia uma reportagem, obviamente marcante em sua vida pessoal e profissional. Ela o acompanhou e foi sua ajudante, companheira, amante. Apesar da diferença de idade e de experiência de vida, das idiossincrasias de cada um, se entenderam o suficiente para o desafio em que estavam. Após a volta, nunca mais se viram. Alguns anos depois, ela, ainda jovem e bonita, morreu. Em tributo, ele remexeu na memória para reviver, com poesia, a história que havia ficado no passado. A história é linda, o deserto fala como metáfora, cenário e ilustração de tudo. A narrativa é curta e envolvente. Duvido que alguém termine de ler o livro sem lágrimas nos olhos.

– o segundo é um policial dos que leio para respirar entre cada leitura mais densa: o segundo episódio da série “Os casos de Liebermann – Aventuras de um detetive freudiano”, de Frank Tallis, “Sangue em Viena”. Trata-se de uma investigação sherlockiana conduzida a quatro mãos pelo detetive Oskar Reinhardt e o médico Max Liebermann, discípulo de Freud, que também comparece como personagem do livro. Além de trama inteligente e bem armada, mostrando as raízes do nazismo emergente numa Viena gelada, a narrativa é divertida e inteligente, com deduções e tiradas hilariantes e um mar de referências à cultura do nascente século XX. Isso tudo entremeado com as questões filosóficas, românticas e sexuais do protagonista carismático.

Beijocas!