Foto: Divulgação/Companhia das Letras
Os dilemas do protagonista de Um romance de geração, de Sérgio Sant’Anna (Companhia das Letras, 120 páginas), são típicos de um grupo de intelectuais que, vivendo sob ditadura, censura e cobranças de uma postura política, custou a perceber que seriam melhores quanto menos se ativessem à denúncia política.
No romance à moda de peça teatral, o escritor mineiro Carlos Santeiro destila ressentimentos numa falsa entrevista para uma jornalista. O que interessa no embate entre os dois é a afirmação de uma arte, uma atitude, uma ideologia. Isso não é dito, mas exposto por um discurso tão gasto quanto a cobrança de politização para quem almejava uma literatura mais existencial e menos engajada. Errou quem cobrou indevidamente, errou quem fez o que não sentia.
Sobressai, então, uma chuva de argumentos defensivos – mesmo que sem explicitar os ataques que os motivaram. Era claro para quem vivia aquela época. Hoje soam datados os conflitos de Carlos Santeiro, sobre escrever ou não, fazer ou não sucesso, ser ou não porta-voz de sua geração. À mulher cabe o papel secundário de ora corresponder, ora confrontar a verborragia do homem. E, se quiser, lhe dar o colo que só ela tem.
Beijos!
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