O grande barato desses financiamentos coletivos de produções culturais é poder participar de projetos em que acreditamos e ajudar a viabilizá-los. Como aconteceu com o livro “Teuda Bara: comunista demais pra ser chacrete”, de João Santos, para o qual contribuí e que, por isso, já chegou em casa, já foi lido e sorvido num gole só.

A biografia da atriz do Galpão que extrapolou as montanhas de Minas e chegou ao Cirque de Soleil e ao cinema internacional é pura alegria. Afinal, essa é a marca maior de Teuda. Uma personalidade maior que o próprio talento artístico, pois Teuda deixa sua marca por onde passa, quer desempenhe ou não um papel em cena.

Conheci Teuda na Fafich, quando estudávamos lá – ou fingíamos. Eu, mais preocupada com a política; ela, com o teatro e com a contracultura. Ela era boa amiga do meu irmão Tostão. Assisti a “Viva Olegário”, de Eid Ribeiro, e à memorável montagem de “Triptolemo 17”, com Teuda, Javert Monteiro, Adyr d’Assumpção, Carlos Rocha, Nely Rosa – algumas dessas pessoas seriam importantes para sempre em minha vida. Vi o nascimento do Galpão, participei de perto de muitos dos fatos narrados no livro por João Santos.

Mas o melhor da biografia é desnudar uma personagem tão habituada à nudez em cena, mas cuja história não era assim um livro aberto. As relações familiares, a traumática (pra qualquer pessoa seria) passagem pelo colégio interno das freiras, o desbunde nas areias de Arembepe, o nascimento dos filhos, o sacode que ela deu no mestre da macrobiótica, são tantas aventuras, tantos casos deliciosos, que não se consegue parar de ler.

O livro alterna ainda algumas narrativas na voz da própria Teuda e muitas fotos dos diversos períodos da vida dela. O projeto gráfico, todo em vermelho, com textos nessa cor e fotos no fundo igualmente vermelho, fica bonito de ver, mas dificulta a leitura de letras e imagens. Falta um pouco de revisão de português. Mas sobra alegria, alto astral, informações sobre uma personagem de Belo Horizonte que se tornou ícone e que representa a força e o amor que só o teatro nos dá.

Viva Teuda Bara!