Nunca a hashtag #euleiomulheresvivas foi tão presente em minha vida. Tudo graças ao Mulherio das Letras, movimento que este ano tirou a poeira do imobilismo feminino e pôs a mulherada em ação, sob o comando de Maria Valéria Rezende, mas enriquecidas pela força da escrita de todas e de cada uma. Resumo da ópera: cerca de 300 mulheres do mundo do livro se encontraram em João Pessoa em outubro para discutir o fazer literário.

Escritoras, editoras (sou as duas), ilustradoras, livreiras, contadoras de histórias etc. estão empolgadas e o resultado disso já surgiu antes mesmo do encontro. Li dois livros que foram lançados lá, no mesmo horário e espaço em que autografei alguns dos meus. E que gratas leituras!

Trata-se de duas coletâneas de e sobre mulheres. Ambas editadas pela Penalux. Novena para pecar em paz reúne contos de nove escritoras de Brasília, todas com qualidade e intensidade literária. O material foi organizado pela Cinthia Kriemler, que assina uma das histórias, a forte “Destino”, sobre prostituição e abandono.

As demais são as queridas Rosângela Vieira Rocha, autora de “O bolso do vestido azul”, sobre uma mãe que precisa escolher a roupa com que sua filha será enterrada; Beatriz Leal Craveiro, que contribui com “Luz negra”, sobre gaslighting, forma de opressão comum contra a mulher, quando o opressor faz crer que ela está louca; e Maria Amélia Elói, que fala de abuso infantil em “As duas irmãs”.

Completam o grupo Lisa Alves e “Estranha fruta”, sobre violência e morte numa história de amor entre mulheres; Lívia Milanez e “Um caule de mogno”, sobre uma trans em momento de decisão; Mariana Carpanezzi e “Manual de mergulho”, uma declaração de amor e saudade; Patrícia Colmenero e “Santa felicidade”, um passeio de angústias pelo supermercado; e Paulliny Gualberto Tort e “Mirna”, um ensaio de fuga do tédio familiar.

O post já ficou gigante, amanhã comento a outra coletânea, Águas passadas.