Conheci Marcelo Carota (ou Z Carota, como ele assina) pelo Facebook, inicialmente apenas como uma espécie de blogueiro de esquerda, alguém com quem compartilhava ideias e projetos políticos. Ao acompanhar suas postagens, no entanto, fui descobrindo um cronista divertido e mordaz, um escritor de verve e domínio do ofício.
Aos poucos, o sentimento de intimidade me tomou, fui me sentindo, mais que seguidora, amiga daquele personagem público, e também do homem por trás do avatar. Não seria mesmo difícil sentir-se íntimo de alguém que partilha com os leitores sua deliciosa relação com a mãe (a amada Turca), a sobrinha, as “cavalheiras” com quem eventualmente rola uma paquera, o gato Ziggy, aquele ciumento.
Descobri, assim, uma pessoa tão dura (como guerreiro que é) quanto doce, um cara que gosta de gente, de pobre, de brasileiro, do Brasil, da cultura, de livros e bichos, de tudo que eu gosto, ou seja, alguém tão humano quanto grande escritor. E como é bom estar do lado de gente assim!
Agora, ao ler seu primeiro livro, “Dropz – crônicas pop proletárias & tostões de amor” (Penalux), fica fácil entender tudo isso em forma de literatura. Sim, a firmeza no campo político, mas sim, e muito mais que isso, uma escolha global pelo que vale a pena. O aparentemente pequeno, tema usual da crônica, sob o olhar que ama a vida, as coisas boas da vida – comer, amar, se divertir, lutar, dar e receber.
O livro reúne o principal da produção de Carota, das crônicas de seu cotidiano nos bares da vida, do SIG ou da Asa Norte, às andanças profissionais, como jornalista e assessor, funções que desempenha nos últimos 30 anos. Tem também alguns versos, menos representativos, e os “tostões” de amor, pequenos contos resultantes desse coração amoroso para com o outro, dessa capacidade de ver, e mostrar, o valor da gente miúda e esquecida, a pérola dentro da ostra.
Amantes, fãs, seguidores: “Dropz” é a síntese desse Carota que adoramos curtir e comentar nas redes sociais. Que venham os próximos volumes, com os diálogos com a Turca e as aventuras de Ziggy, antes que o gatinho radicalize na vingança.
Beijocas!
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