Foto: Alexandre Baxter/Divulgação

A última noite competitiva do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro trouxe três filmes que, por querer ou sem querer, dialogaram entre si. Os dois primeiros, os curtas pernambucanos Azul, de Eric Laurence, e Faço de mim o que quero, de Sérgio Oliveria e Petrônio de Lorena. O longa, o mineiro A falta que me faz (foto), de Marília Rocha.
Azul é uma ficção sobre uma mulher solitária que preenche a falta do filho relendo (por intermédio da vizinha) a cartinha dele. No fim, saberemos como essa cartinha foi escrita. Com silêncios de palavras e o barulho da vida, da água, do vento, dos pássaros, na lentidão de um cágado, a vida escorre aos pés da mulher solitária.
O segundo curta visita a música brega no circuito de rádios, casas de show e vendedores ambulantes de Olinda e Recife, com a movimentação de músicos, cantores, dançarinos e fãs. Com bom humor e sem falas, o documentário diverte em cores e sons.
No fim da exibição, o longa mineiro desagradou a plateia ao acompanhar a vida rame-rame de cinco adolescentes da cidade de Curralinho, perto de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. O bonito do filme foi como a diretora fez dialogar o ambiente rochoso da Serra do Espinhaço com a vida dura e sem perspectivas das meninas, às voltas com gravidez precoce, falta de horizontes profissionais, pais e companheiros ausentes (casar ou amigar, eis a questão), farra, diversão e outros sonhos juvenis.
Em ritmo lento, poético, que permite tempo para pensar e observar, o filme esvaziou a sala do Cine Brasília ao final da exibição, sem no entanto ganhar vaias. Apenas a indiferença do público.
Hoje à noite haverá sessões de encerramento fora da competição, com filmes sobre Brasília e seus 50 anos, que se comemoram em abril de 2010, e a entrega de prêmios. Amanhã comento tudo.

Beijos!