A polêmica das telas agora é O bem amado, de Guel Arraes, que as más línguas atribuem a Paula Lavigne, pelo menos no que tem de pior. Acho que o filme apresenta qualidades e defeitos, mas no geral faz rir – e observei que a maioria dos presentes na sessão que eu fui também riu muito.
Quem é do tempo da novela e do seriado de TV O bem amado vai estranhar o palavreado e os maneirismos de Odorico Paraguaçu no corpo e na voz de alguém que não seja Paulo Gracindo. Um dos maiores atores que o Brasil já teve, ele incorporava de tal forma o personagem que fica difícil aceitá-lo em outrem, mesmo sendo Marco Nanini, outro gigante.
Zeca Diabo feito por José Wilker, e não Lima Duarte; Dirceu Borboleta por Matheus Nachtergaele (com Nanini na foto), e não Emiliano Queiroz, e as irmãs Cajazeiras por Zezé Polessa, Drica Moraes e Andréa Beltrão obtêm credibilidade. Odorico, não.
Já quem não conheceu o antigo Bem amado pode estranhar outras questões, talvez a falta de uma atualização política, já que o texto original, de Dias Gomes, ambienta-se pré-golpe militar.
Sou de opinião de que o que há de melhor no filme é ouvir o texto genial de Dias Gomes, em reconstituição de época, com direito a cacos e atualizações extemporâneas. O maior problema é o final, em que o narrador faz a ponte entre aquele momento político e as Diretas Já, como se morasse ali o fim da história. Mirar o Brasil e chamá-lo de Sucupira soa como mera obviedade. Piada boa não precisa de explicação.
Beijocas!
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