Só ontem vi, pelo Canal Brasil, o filme Lóki – Arnaldo Baptista, o documentário de Paulo Henrique Fontenele que a emissora produziu e que acompanha a trajetória do compositor e músico, ex-integrante dos Mutantes. Uma história marcada por trágicos eventos, o mais deles o processo de sofrimento mental que tomou conta do artista boa parte de sua vida e que, com ou sem razão, imprimiu sobre ele a pecha de louco.
Criador genial, Arnaldo influenciou gerações – são eloquentes os depoimentos, no filme, de gente como Kurt Cobain e Sean Lennon, ao lado de brasileiros como Lobão, Roberto Menescal ou John Ulhoa, contemporâneos dele, gente que partilhou momentos alegres e tristes, gente que veio antes ou depois, mas que se aqueceu à luz de sua estrela.
Vida particular e arte, em Arnaldo Baptista, se misturaram de tal forma que acompanhamos tudo, com a crueldade típica da mídia, de seu calvário ao “enlouquecimento”, do brilho ao acidente (ou tentativa de suicídio, não há verdade única no episódio), da separação de Rita Lee ao encontro com Lúcia (com ele na foto), a companheira cujo amor o resgatou de volta à vida.
Ao mostrar os Mutantes nos anos 60 e 70, depois a retomada, 33 anos mais tarde, vemos um filme não apenas tocante como necessário, por recolocar a importância de um artista que atuou no ponto de inflexão da música popular brasileira – a Tropicália – e por permitir a recuperação de uma memória até então dispersa por aí.
Beijões!
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