Ontem, fiz o lançamento do meu audiolivro “Catraca Inoperante”, daí o silêncio de quase um mês sem atualizar o blog. Muito trabalho, muita correria, entrevistas, etc. etc. Mas não deixei de ver filmes e ler livros nesse meio tempo. Então, pra tentar pôr em dia a conversa, vamos a três assuntos:
– O filme “Alemão”, de José Eduardo Belmonte (no centro da foto de divulgação com parte do elenco), com Cauã Reymond, Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Milhem Cortaz, Otávio Müller e Marcello Melo Jr (ótimo ator, que faz o Jairo na novela “Em Família”), narra os momentos de horror vividos por um grupo de cinco agentes da polícia infiltrados na comunidade do Alemão, no Rio, pouco antes da ocupação pela UPP. Com ótima condução do suspense, o filme traz forte tensão, amparado sobretudo em trabalhos de atores experientes e talentosos. O jovem Marcello Melo Jr. é um dos destaques.
– O romance “Ideias para onde passar o fim do mundo”, de João Almino (Record), uma das boas narrativas não apenas ambientadas em Brasília, mas que têm a capital como personagem subjacente. Misto de ficção política com futurismo, mescla de vozes e perspectivas, experiência de técnicas, o romance passeia por mídias – um narrador fantasma se inspira numa foto para montar um roteiro de filme, logo desmontado por outra narradora, que desmente o primeiro, num jogo de verdades inventadas e construídas com o único compromisso com as possibilidade deixadas em aberto. Texto difícil, mas delicioso de ler.
– O romance “Um toque na estrela”, de Benoîte Groult (Record), escritora francesa chegada em temas femininos e feministas. Também aqui há mistura de vozes, mas desta vez se revezam personagens de uma mesma família: a mãe, uma idosa feminista pré-68; a filha, escritora também das questões de gênero, já na meia-idade às voltas com um casamento estável e a paixão pelo amante; e, costurando tudo, Moira, o destino, a coser e descoser encontros e desencontros entre gerações. Nunca li nada mais lancinante sobre o envelhecimento do que o testemunho de Alice, uma das protagonistas. Nunca li nada mais belo sobre a relação entre irmãs.
E por enquanto é só. Beijus pra todos!
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