Há livros que, mesmo não sendo clássicos nem obras de maior importância literária, nos ensinam coisas que não esperávamos. O navio de ouro, de Gary Kinder (Record), é uma reportagem que eu tinha há anos e ainda não havia lido. Trata-se de uma embarcação, o SS Central America, naufragada em 1857, plena corrida do ouro californiana, quando levava para Nova York mais de 600 pessoas, das quais cerca de 150 se salvaram e quase 500 morreram. Junto com elas, sucumbiram quilos e quilos de ouro em barras, pó e moedas.
Os primeiros capítulos do livro acompanham as aventuras e desventuras do Central America, as tragédias humanas e os heroísmos de alguns. Nos seguintes, conhecemos Tommy Thompson, um engenheiro que, nos anos 1980, fica sabendo daquela história e resolve criar uma tecnologia capaz de promover a busca e o resgate dos tesouros do Central America. Tommy é um cara diferente, dono de uma inteligência capaz de reunir em torno de si não só os melhores técnicos nas áreas de que precisava – probabilidade, sonar, fotografia, iluminação, robótica, assessoria jurídica, etc. etc. etc. – mas também investidores que acreditaram em seu projeto ousado e arriscaram milhões de dólares (para ganhar bilhões).
Ao final, travamos ao lado deles batalhas navais e jurídicas para encontrar, recuperar e deter os direitos sobre o tesouro a 2.400 metros de profundidade, fornecendo ainda, após a operação toda, tecnologia para pesquisas biológicas, marinhas, oceanográficas, meteorológicas etc.
Tudo isso o livro nos ensina: a possibilidade das soluções simples e criativas, a persistência para vencer obstáculos aparentemente inexpugnáveis. E com uma leitura divertida e emocionante ao longo de suas mais de 500 páginas.
Beijocas!
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