A paixão por Brasília deu o tom à terceira noite competitiva do Festival de Cinema, graças ao curta Braxília, de Danyella Proença (DF). O foco do documentário poético é o maior nome da poesia da capital federal, Nicolas Behr (foto), mato-grossense radicado na cidade utópica, que ele ama e defende de forma tão linda, conforme o filme mostra bem. Emocionou e ganhou a plateia do Cine Brasília.
O outro curta, Acercadacana, de Felipe Peres Calheiros (PE), denuncia a força opressiva exercida por uma usina de cana-de-açúcar contra uma posseira, Maria Francisca, por sinal presente, com sua força de resistência, à noite de abertura. Importante instrumento de luta, o curta pernambucano.
Já o longa Os residentes, de Tiago Mata Machado (MG), dividiu opiniões, com uma narrativa difícil, marcada por simbolismos e por invenções de linguagem. A sinopse avisa, mais ou menos, que se trata de um grupo de artistas que, ao ocupar determinado espaço, reiventa o convívio em sociedade. Em tela, o foco principal é um casal, com seus diálogos ora interessantes, ora excessivamente literários.
As ousadias desse longa, assim como as dos outros dois apresentados nas noites anteriores, comprova que a curadoria do Festival de Brasília não se preocupa com a viabilidade comercial de seus concorrentes – no que faz muito bem. O mercado, em si, já regula quem vende, quem não vende. Cabe à política cultural permitir que outras formas de expressão tenham espaço para fazer que a linguagem cinematográfica não se transforme numa eterna repetição de fórmulas de sucesso.
Beijins!
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