“Não diga noite”, de Amós Oz, é uma triste história sobre amor e incomunicabilidade. Um dos meus autores prediletos, israelense militante pela paz, Amós Oz constrói, nesse romance, uma dupla narrativa semelhante a paralelas condenadas a nunca se encontrar. Alternam-se as vozes de Teo e Noa, um casal que vive junto há sete anos, mas que não consegue mais se entender.
Teo é mais velho que Noa, viveu as guerras que fizeram de Israel a potência que é hoje. Planejador de cidades, está quase aposentado numa cidadezinha do deserto onde Noa leciona literatura numa escola para jovens. Um dos alunos de Noa morreu de overdose e o pai dele cismou de construir na localidade um centro de recuperação de drogados. A comunidade rejeita a ideia, mas Noa, com certa consciência pesada, abraça a causa e bate de frente com Teo, que não crê no projeto.
Enquanto se amam e desentendem, Teo e Noa lembram a história pessoal de cada um, marcada pela solidão, e vivenciam o pano de fundo do país em que vivem, com suas contradições políticas, religiosas e culturais. O romance, no início, custa um pouco a engrenar, mas assim que saímos daquela rotina opressiva do casal, como colocada pelo autor, a história deslancha e o leitor é facilmente capturado por suas questões.
Como gosto dos escritos de Amós Oz!
Beijus!
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