A partida de Moacyr Scliar me entristeceu profundamente, não apenas por se tratar de um grande escritor, a quem admirava pela obra, mas pela pessoa doce e generosa que ele era. Conheci Moacyr antes mesmo de ter lido um livro dele. Escalada para entrevistá-lo, fiquei naquela saia-justa. Li coisas sobre ele, mas não deu tempo de ler o livro que ele estava lançando na época. Mesmo assim, ele foi atencioso e delicado na conversa. Depois disso, corri a tirar o atraso e fiquei fã. Nos últimos tempos, festejava seus lançamentos, como o do último romance, Eu vos abraço, milhões, que comentei recentemente aqui.

Quando o levamos para escrever crônicas no Correio Braziliense, quando eu era editora de Cultura lá, nossos contatos se estreitaram. Ele sempre com uma palavra inteligente, lúcida, gentil, fosse pessoalmente, fosse por escrito.

Generoso como poucos, se dispõs a escrever para mim o prefácio de meu próximo livro, uma coletânea de crônicas minhas que vou lançar em abril, em Brasília e Belo Horizonte. Catraca inoperante, assim, sai com as palavras de Moacyr Scliar tão gentilmente dedicadas a mim, as últimas que trocamos antes de sua morte, no último domingo.

Sinto luto, tristeza pela perda de um amigo e de um escritor tão profícuo e sagaz, mas sinto também um orgulho danado de ter ouvido dele tantas vezes a saudação “minha editora predileta”. Não mereço tanto. Obrigada, Moacyr!

Beijos.
(foto Edu Simões/Acervo IMS)

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