Patrícia Baikal é uma jovem escritora brasiliense que investe numa linha pouco comum entre as jovens escritoras contemporâneas: o fantástico. Assim como em seu romance de estreia, “Mariposa”, ela segue essa tendência no novo trabalho, “Mulher com brânquias” (edição da autora), uma fantasia em torno de uma mutação que afeta a protagonista da história, Rita.
Se “Mariposa” consistia numa ficção política ambientada em Brasília daqui a alguns anos, “Mulher com brânquias” tem igualmente a capital federal como ambiente, mas visita também uma cidade do interior de Minas, onde se fincam as raízes da família da personagem principal, uma linhagem de mulheres “diferentes”, marcadas por uma sina trágica.
O que acontece com Rita, que, entre as aulas numa faculdade da W3 e a loja de objetos na Asa Sul, começa a se ver mergulhada num aquário, atormentada por um peixe gigante e necessitada de escamas e brânquias para se proteger das ameaças? Serão metáforas psicológicas, políticas, filosóficas?
Na história de Rita e de suas antepassadas Odas estão as respostas para as questões que intrigam o leitor ao longo da narrativa, à medida que ele acompanha as perdas, os danos, as dúvidas e procuras de Rita e das demais personagens que a cercam, como a irmã, a falecida tia-avó e o misterioso avô, vilão e pivô de boa parte da trama.
Patrícia Baikal constrói sua trama com domínio narrativo. Sabe prender o leitor e conduzi-lo até o fim da história, com fôlego para sobreviver ao mergulho nesse aquário sufocante que pode ser a vida de qualquer mulher.
Beijocas!
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