Ganhadora do Nobel de literatura de 2013, a canadense Alice Munro justifica plenamente o prêmio na coletânea de contos que acabo de ler dela, “Fugitiva” (Editora Globo), presente de amigo oculto que ganhei do Jonas Vilela. Fiquei muito impressionada com os contos do livro, oito apenas, cada um com 30, 40 páginas. Ou seja, não se trata de narrativas curtas, mas de pequenos romances, ou novelas, em que a autora consegue mergulhar fundo em lindas e tristes histórias de mulheres.
Algumas das personagens aparecem em mais de um conto. Na verdade, Juliet é protagonista de três dos contos, o que me parece que justificaria uma edição dos três como um romance completo, pois cada história mostra Juliet em um momento da vida. Na primeira, Ocasião, ela é jovem e encontra o amor de um homem, que lhe proporciona gerar uma filha. Na segunda (Daqui a pouco), ela e a criança visitam os pais dela, em especial a mãe à beira da morte. Na terceira (Silêncio), Juliet é uma velha senhora perplexa por ter sido abandonada pela filha, hoje uma adulta casada e mãe de família. É tudo complexo, delicado, duro, sofrido, mas belo e tocante como somente a boa literatura sabe ser.
Os outros contos todos nos levam junto com mulheres em fuga ou encruzilhada (o conto que dá nome ao livro e Ofensas), ou procurando respostas para fatos terríveis do passado (Paixão, Peças e Poderes). São histórias densas, envolventes, que a gente não quer parar de ler. Espero encontrar logo outros títulos dela para me deliciar.
Beijocas!
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