Sempre que me perguntam qual o melhor filme que já vi na vida, respondo: “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de Roberto Santos (1965), um clássico pós-Cinema Novo. Pois não é que refilmaram a obra, baseada em Guimarães Rosa, e o resultado faz jus à primeira versão?
Sim, o novo filme, de 2011, dirigido por Vinicius Coimbra, consegue manter o alto padrão de respeito ao texto – uma das obras-primas de um escritor superlativo da literatura universal, com trabalhos de ator e câmera excelentes, ritmo, adaptação narrativa, fotografia, tudo.
João Miguel (foto) dá vida ao personagem emblemático Augusto Esteves, que desce ao inferno e volta à vida conduzido por um milagre da bondade possível. Dois atores já mortos – José Wilker e Chico Anysio – fazem suas últimas aparições. Além deles, Irandhir Santos e Vanessa Gerbelli aparecem bem, ao lado de um elenco de atores da cena mineira que não deixam nada a desejar.
Com ambientação nos sertões rosianos mitificados por Guimarães Rosa, “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” tem tudo para apresentar, aos que não conhecem, a prosa poética de um texto clássico delicioso, um deleite para olhos e ouvidos.
Beijus!
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