Viagens claudicantes

R$45.00

O apuro formal é aquilo que caracteriza uma prosa fundada na intimidade absoluta com as palavras – fruto de conhecimento, leitura – e também no ouvido perfeito que leva cada uma delas a ocupar seu lugar preciso na frase. Isso resulta num texto de extraordinária suavidade e grande poder de sedução. E faz com que o trocadilho que dá título ao livro, Viagens claudicantes, se revele uma autoironia quase revoltante. Mas aí chegamos ao segundo fundamento. A autoironia é um dos ingredientes do que resolvi chamar de recato moral. Trata-se daquilo que leva o autor a jamais se pavonear perante o leitor, mesmo quando talvez tivesse motivos para tanto. Esse é o ingrediente da receita mais ameaçado de extinção no texto jornalístico de hoje. As crônicas do Cláudio mantêm um inabalável tom menor até diante de fatos grandes, quando trocam a cidade natal por palcos internacionais sob holofotes. Mas sua matéria de preferência é mesmo a miudeza, o detalhe fugidio que induz devaneios, a graça que tende a passar despercebida no dia a dia. O humor está sempre rondando e pode ser escancarado, mas nunca deixa de ser terno.

Sérgio Rodrigues, jornalista e escritor, autor do romance O drible

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