Quando vier a primavera – um tributo a Lucília Garcez
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Primeiro se via em Lucília o sorriso, a alegria. Junto vinham a inteligência e a serenidade; uma placidez que transpunha o ambiente e se abrigava em nós.
Suas amizades eram eternas. Vinham de tempos longínquos e ainda vivem na esperança de uma manhã de plenitudes. Sim, ela tomava posições, lutava, dizia todas as letras contrárias à opressão e às injustiças; cantava cada sílaba necessária à igualdade.
Acolhedora, tinha sempre um abraço à disposição, e anunciava novas simpatias como quem diz boas notícias: Vladimir, olha quem está conosco.
Nunca se indispunha ao trabalho.
Pela vida conduziu duas das mais férteis profissões. Professora, ensinou algo mais que as regras da gramática e as escolas criadas pela literatura. Disse muito sobre dignidade e honra. Escritora, foi além dos oceanos, pélagos imaginários das Gerais para falar de outras brenhas, outros tempos, outras artes, Lua e Suassuna, dragões a encantar crianças, uma Brasília onírica, artes para todos os talantes da idade.
Iluminou caminhares reluzindo modéstias.
Esta luz nos serve de farol.
Maurício Melo Júnior
GTIN: 9786588256220
NMC: 4901.99.00
Edição: 1ª Edição
Data de publicação: 22/02/2022
Tipo de produto: Livro brochura (paperback), Com orelhas
Conteúdo do produto: Texto
Número de páginas: 92
Descrição do Público-alvo: Jovens e Adultos
Segmentação: Geral
Minha amiga tem luz no nome. Uma vez me disse amar nossa cidade. A que escolhemos pra morar. A que foi construída e onde permitimos nos construir. Contou que as retas da cidade a conduziram por suas trilhas de educadora, leitora e escritora. Há muitos anos – era uma segunda-feira, esbarrei com a minha amiga dentro de uma livraria, no meio de várias estantes de livros, e subimos a escada em caracol para uma reunião de clube de leitura. Foi a primeira de muitas. Desde então, minha amiga mora no meu (nosso) amor aos livros, vive na minha (nossa) esperança que um leitor pode transformar o mundo. Pra melhor. Minha amiga fez isso. Um mundo melhor, com suas filhas, netas, netos, livros e um jardim. Minha amiga se fez eternidade. Passeamos juntas com Bloom pela Dublin de Joyce; cavalgamos ao lado de Riobaldo e, com ele, choramos a morte de Diadorim; saímos de Auschwitz com Primo Levi e o acompanhamos por todo o caminho até a entrada de sua casa; vimos o olhar deslumbrado do pequeno Aureliano ao conhecer o gelo; ficamos vários meses discutindo as escolhas de Eszter e seu legado; fomos captadas pelos laços do Starnone e o suspeitamos Elena Ferrante… Envergonhada, confessei a ela que eu, com meio século de vida, ainda não tinha lido Os sertões, do Euclides da Cunha… Ela sorriu: você é feliz, porque ainda tem um livro maravilhoso para ler! O sorriso da minha amiga ressoa no meu coração. Suas palavras moram nos seus escritos. Seu Outono é de todos nós. Nossa cidade, mais triste sem ela.
***
Ao meu lado, uma romã partida ao meio exala a saudade de um Dia de Reis com minha amiga. Conto os caroços e tento me lembrar do ritual. Nove sementes. Minha amiga sorriria. Eu lhe contaria da falta que ela nos faz.
Claudine M. D. Duarte, 6 de janeiro de 2022
Autor(a) ,
Lucília Garcez
Profissão: Professora e escritora
Doutora em Letras pela PUC/SP e professora aposentada do Instituto de Letras da UnB, Lucília Garcez desenvolve diversas atividades na área acadêmica: coordenou o Programa de Ensino para Formação Continuada de Professores em Início de Escolarização do Ministério da Educação (Praler/MEC), elaborou o material de língua portuguesa do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), participou da coordenação da avaliação das redações do Enem no Cespe, além de colaborar como resenhista de literatura em jornais e atuar em bancas de concursos públicos e em programas de qualificação de professores e de incentivo à leitura, fazer palestras em escolas e outras instituições.
Escritora com cerca de 20 livros publicados, integra o Instituto Cultural Casa de Autores e o movimento Mulherio das Letras. Escreve para crianças, jovens e professores. Fala de arte, história, meio ambiente e técnicas de redação, entre vários temas. Outono é seu primeiro romance adulto.
Autor(a) ,
Gina Vieira Ponte
Gina Viera Ponte de Albuquerque é professora de português na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Nascida em Brasília, estudou na Escola Normal em Ceilândia e é graduada em Letras Português e suas respectivas literaturas pela Universidade Católica de Brasília.
Autor(a) ,
Clara Arreguy
Profissão: Jornalista e escritora
Clara Arreguy nasceu em Belo Horizonte (MG) e vive em Brasília desde 2004. Foi repórter, crítica, editora e subeditora nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense e cronista na revista Veja Brasília. Autora de 26 livros, entre infantis, juvenis e adultos, romances, contos e crônicas, criou a Outubro Edições, pela qual publica livros de sua autoria e de outros autores.
Autor(a) ,
Margarida Patriota
Escritora, tradutora, professora universitária e radialista, Margarida Patriota é carioca e mora em Brasília (DF), de onde comanda o programa de entrevistas “Autores e Livros” da Rádio Senado Federal 91,7 FM (www.senado.gov.br/radio). É escritora membro da Academia Brasiliense de Letras desde 1990.
Filha de diplomata, morou na Suíça, Estados Unidos, América Central e Canadá antes do regresso definitivo ao Brasil. Mestre e doutora em Literatura Francesa, lecionou por 28 anos Teoria da Literatura, Literatura Brasileira e Literatura Francesa no Departamento de Letras da Universidade de Brasília (UnB).
Tem a expressiva marca de 28 livros publicados, entre eles o juvenil “Uma voz do outro mundo”, agraciado com o Prêmio João de Barro em 2006, e o romance “Enquanto aurora”, que levou o Prêmio Ganymedes José de Literatura Juvenil da União Brasileira dos Escritores (UBE) em 2011.
Em 2003, recebeu também o prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) por sua tradução de “O Fantasma da Ópera”. Sua vasta obra reúne ficção, ensaios, romances, contos e narrativas para o público juvenil, com expressivas vendas para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).
Autor(a) ,
Vladimir Carvalho
Vladimir Carvalho é cineasta, nascido em Itabaiana (PB). Estudou em João Pessoa e Salvador, mas fez carreira em Brasília, de onde retrata a realidade brasileira em dezenas de documentários clássicos, como “Barra 68” e “Companheiros velhos de guerra”. É também professor aposentado da UnB e escritor de diversos livros sobre cinema.
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