Flores suicidas – uma ode à adolescência

Sempre digo que existem dois tipos de poesia: a vomitada e a lapidada. A poesia vomitada é aquela que vem a nós como um raio – a inspiração chega e nos obriga a escrever imediatamente. Nessas, o poeta não cria o poema, ele apenas vomita as palavras prontas e já escritas; é apenas o intermediário entre a poesia e o papel. Já a poesia lapidada é aquela que vem mais vagarosamente: a inspiração vem, faz cócegas na nossa mente e sussurra em nossos ouvidos enquanto lapidamos as palavras como Michelangelo fazia com o mármore. Este livro é uma mistura dos dois.

Quem me conhece sabe que sou adepto da ideia de que a coisa mais poderosa do mundo é um nome. Para os egípcios, o nome real de alguém dava total poder sobre a pessoa que o soubesse. Para os cristãos, saber o nome de um demônio é um modo de enfraquecê-lo. Para mim, o nome é a forma mais absoluta e poderosa de inspiração, capaz de trazer ideias e mais ideias apenas com uma palavra. Foi exatamente assim que Flores suicidas nasceu.

Quando o nome do livro veio até mim, eu já tinha vários poemas escritos e jogados pelos cantos. No momento em que o ouvi, eu sabia que ele seria o nome de algo grande e importante em minha vida, mas ainda não sabia por quê. Algum tempo depois a ideia veio como um tapa na cara: esse seria o nome do meu primeiro livro de poesia, que falaria sobre os altos e baixos da vida de um adolescente.

E é exatamente pensando nesse tema que idealizei este livro que você está segurando agora. Eu o dividi em duas partes a fim de mostrar a dualidade da mente juvenil; o quis ilustrado para que você sinta as emoções que eu quis passar com cada poema de forma mais intensa; o enchi de dores e anseios perigosos para mostrar o valor da vida; o criei, recriei, escrevi e reescrevi muitas vezes só para que você tenha a experiência da adolescência em poucas páginas. E, principalmente, fiz questão de deixar o nome da adolescência escrito nas entrelinhas de cada verso.

Por isso, dedico toda a minha poesia juvenil aos adolescentes. Aos que sofrem calados. Aos que choram escondido. Aos que se formam médicos, mas que queriam ser artistas. Aos que não saem do armário ou se escondem em corpos errados por medo. Aos que ouvem que não são o suficiente. Aos que enfrentam preconceito, opressão, falta de recursos, de educação e de oportunidades. Aos ricos, aos pobres, aos eufóricos e aos melancólicos. A todos vocês eu digo: sejam quem são até o último minuto, porque nós vamos fazer algo lindo com este mundo.

Você vai encontrar neste livro poemas de crítica, de lamentação, de revolta e de desolação, mas também vai encontrar alegria, vitalidade e poder. É uma viagem, portanto se prepare! Sente-se num lugar confortável, pegue a bebida de sua preferência, abra a mente e o coração e mergulhe no mundo que vou te mostrar agora. Mal posso esperar pra você ver o que criei.

PS: Uma música também é sempre bem-vinda. Afinal, não se faz uma ode sem um ritmo.

Gustavo Mendes